Pergunto-lhe como foi, como tem sido.
E ela diz-me que há momentos em que a dor no peito se agudiza, como aquele em que ele usou apenas uma palavra para definir o fim de um amor tão longo, tantas coisas passadas, partilhadas, algumas de uma dor inimaginável. Uma única palavra, tão natural, trivial e ordeira. Quis dizer que tinha sede, bebeu água, ficou saciado, e agora a sede terminara. Parece-lhe distante, amortecido, frio. Não o terá sempre sido? Apesar de tudo acha que não, consegue lembrar-se de alguns outros momentos. No entanto, no fundo, agradece-lhe pela frieza com que agora a trata, assim como pelo olhar que deitou na sua presença, a uma outra mulher, sabe que por aí se abre a ferida mas também é por ela que se afastará, que irá para muito longe, onde não poderá mais doer-lhe.
*FV*
Comments
Post a Comment