Pergunto-lhe se ainda sonha com o amor, um novo amor.
Diz-me que lembra-se vagamente desse estremecimento. Diz-me que se julga praticamente incapaz de o voltar a sentir.
Falo-lhe daqueles dois que vimos e que conhecíamos há tanto tempo, amigos de amigos, nunca antes namorados. Pergunto-lhe se achou que os olhos azuis dela estavam agora com mais luz. Diz-me que os dela não sabe, iluminaram-se ao longo dos anos muitas e muitas vezes mas era brilho que não permanecia. Já a ele, nunca o tinha visto com o rosto encostado no ombro de alguém, como o tinha naquele dia, quase um menino, um sorriso que parecia ter perdido muitos anos, de tão entontecido.
Pergunto-lhe o que sente quando vê assim o amor tomar corpo e rosto em pessoas da nossa idade. Diz-me que ainda não sente nada, constata apenas, como quem lê uma notícia.
*FV*
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