Diz-me ela que gostava de encontrar o lugar exacto em que começou o desamor, o dia, a hora, o minuto. Será que foi ao mesmo tempo, cada um à vez, mais um pouco, mais um dia?
Diz-me que localiza no mapa com clareza os momentos em que o sentiu. Fala-me de um corpo voltado de lado, nas suas costas, no momento do amor. Fala-me de raramente lhe ver o rosto, de precisar de o fazer, de não se sentir pessoa mas apenas corpo.
Digo-lhe que afaste essa dor de si. Peço-lhe, com as mãos entre as minhas, que tente focar-se na luz, nos momentos em que a mão dele adormeceu na mão dela.
E ela, com lágrimas interiores, esconde o rosto entre as mãos e diz que nem sempre o consegue, que esta noite tem uma pele marcada por outros dedos, aqueles em que essa mão não apertou a dela.
*FV*
Mas que espaço magnífico de escrita encontrei.
ReplyDeleteEspero não me perder. Nem de O perder.